domingo, 31 de maio de 2009

"TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA

O pequeno agricultor não é uma ilha. As práticas dos vizinhos afetam as suas.
É importante também saber que a agricultura química das multinacionais vai enfrentar uma crise brutal. Ela é uma agricultura petro-dependente, isto é, dependente demais do petróleo. A maior parte dos adubos e venenos são fabricados com derivados de petróleo. E o petróleo está cada vez mais escasso e mais caro.
As monoculturas atraem cada vez mais doenças nas plantas. Isso é fruto do desequilíbrio do meio ambiente, da falta de biodiversidade, do empobrecimento do solo.
Então, é preciso começar. Por pouco que seja, é preciso fazer, pois é assim que se aprende, se acumula experiência, se adquire segurança. Mas é preciso termos claro que se trata de uma passagem, um processo de transição.
A terra, o solo, é a base de tudo na agricultura e na pecuária. O solo é um organismo vivo e cheio de vida.
A agricultura química não se preocupa em tratar o solo. Ela se preocupa em tratar a planta. Sempre tratando a planta e não olhando que todos esses problemas são causados por desequilíbrios provocados no solo e no meio ambiente. E isso vai matando a vida do solo.
A base fundamental de uma nova agricultura, a base de um novo modelo tecnológico é a terra. Para mudar de modelo, é essencial começar a recuperar o solo, nem que seja aos poucos.
Livrar-se dos venenos agrícolas: É o mecanismo mais eficaz de transferência de renda da agricultura para a indústria.
O uso de venenos na agricultura tem aumentado a cada dia que se passa. Os insetos, as plantas e os fungos tornam-se resistentes e exigem doses cada vez mais fortes e venenos cada vez mais perigosos.
A diversificação por si só já reduz o uso de venenos. A rotação de culturas também.


Diversificar a produção – escapar da monocultura: A monocultura é um dos principais desastres da agricultura química e um dos principais meios de concentrar renda e inviabilizar os pequenos agricultores, bem como esgotar o solo e desequilibrar o meio ambiente. Construir um novo modelo começa pela diversificação da produção.

A soberania alimentar do camponês começa em casa.

Matas e pomares
As árvores e as matas são fundamentais para o equilíbrio ecológico e controle de pragas, pois abrigam boa parte dos inimigos naturais. São importantes também para manter a umidade e regular o clima e as chuvas.
O pomar tem também uma dupla importância: garante uma grande biodiversidade (animal e vegetal) ao mesmo tempo em que contribui para uma alimentação equilibrada, saudável e variada. Pode ser utilizado em sistemas de agroflorestas.
Domínio de conhecimentos básicos: cada família de agricultores precisa se tornar cientista de sua própria profissão, aprendendo com a natureza.

Construção de nossa própria infra-estrutura
De forma associada, cooperativada, devemos construir nossa própria infra-estrutura de produção, transporte, armazenagem, industrialização e comercialização da produção. Isso tornará os camponeses independentes dos atravessadores, que também ficam com a maior parte da renda.
A participação de jovens e mulheres camponesas, considerando as especificidades socioculturais, deve ser central em todo o processo de transição e um dos elementos centrais da metodologia.


Resumo do Texto Os novos caminhos da agricultura camponesa, de 2004, em Parceria com o frei Sérgio Gorgen e Flavio Vivian